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sua inteireza de caracter e nunca desmentida respeitabilidade, provada n'uma carreira que durou meio seculo para, aquelle, e quarenta annos para o ultimo.

Se fosse, não diremos lícito, mas avisado fallar dos vivos, em assumpto tão melindroso, poderiamos mencionar com louvor os nomes de alguns diplomatas e homens de estado bastante conhecidos, e cuja carreira tem sido feliz. Promptos, sim, em lançarem mão dos ensejos, ferteis em expedientes, dextros em preparar o terreno, seguros no juizo que formam dos homens e dos meios ao alcance dos adversarios, e não menos dos recursos de que estes carecem, prudentes em não se deixarem alcançar, valentes e denodados nos momentos decisivos-o engano é comtudo uma arma que elles desconhecem; são homens que, segundo a expressão de um poeta contemporaneo nosso, sabem governar sem mentir[1].

Entre os diplomatas que figuraram na. alta politica Europêa no principio d'este seculo, foi o primeiro Duque de Palmella certamente um dos mais illustres; e quem brilhou mais pela lealdade de caracter, tão universalmente respeitado?

De outro habilissimo diplomata do nosso paiz, o Conde de Lavradio, escusado é lembrar quanto era brioso, sendo a propria personificação da probidade e da boa fé.

O Marechal Duque de Saldanha, que tão relevantes serviços prestou à patria, já como general, já como embaixador, era de uma integridade inexcedivel, um dos caracteres mais nobres, inteiros e destemidos do nosso tempo. A sua maxima era: «trabalhar como quem tenha de viver cem annos ; viver como se devesse morrer ámanhan».

  1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .«one
    Who can rule and dare not lie.»
    A. Terryson, Maud, P. I ST. X § 5.