rencias, o despacho dos negocios, conhece-se tambem das queixas de outro Embaixador nosso, a quem, desde outubro de 1558 até fins de julho do anno seguinte, não foi possível obter senão uma só audiencia do papa Paulo IV, paralysando-se em consequencia o andamento das negociações; do que igualmente se queixavam os Embaixadores de outras Potencias acreditados n'esse tempo junto da Santa Sé[1].
Os proprios soberanos avistavam-se a miudo para discutir em pessoa as suas pendencias ou as suas alliancas. A historia está cheia de semelhantes entrevistas; e a ida do cavalheiroso Affonso V de Portugal a França, para ver-se e conferenciar com o astuto Luiz XI, ida acompanhada de peripecias tão romanticas, não é dos acontecimentos menos singulares no seu genero. Mas sabido é quão mal se sahiu da aventura; e assim o desengano e aborrecimento que lhe inspiraram o projecto, que, se não fôra sincero, poderia chamar-se fantastico, de abandonar o mundo e as suas pompas, fazer-se romeiro, e entrar na religião para salvar a alma.
Ainda se verificam, alias, nos nossos tempos, as conferencias de soberanos; são porém mais raras e menos solemnes do que outr'ora, não obstante a maior facilidade e rapidez da communicação; porque sem duvida offerecem inconvenientes, mesmo entre monarchas absolutos, que se não dão nas conferencias entre plenipotenciarios; ao passo que são pouco compativeis com o systema constitucional que hoje prevalece; e mórmente dependendo a ratificação,
em ultima analyse, do voto dos parlamentos[2].