Página:Quatro regras de diplomacia.pdf/64

Wikisource, a biblioteca livre
64

que a commutação seria concedida, a qual foi de feito annunciada a S. Ex.ª por Sua Magestade a Rainha n'uma recepção de gala no Paço, uma semana depois de remettida a Nota[1].

Ha tambem questões tão delicadas que não consentem outra forma de negociação, senão a verbal. A intervenção de Mr. van Hoey, Embaixador das Províncias Unidas em Versailles, a pedido do Ministro dos Negocios Estrangeiros de Luiz XV, pendente a guerra entre França e Inglaterra, afim de inclinar o Gabinete Britannico à brandura no tratamento dos presos, depois do desbarate do pretendente Eduardo na Escocia, nunca devia ter sido acceita por aquelle Diplomata, em vista das circumstancias, principalmente porque, achando-se em França, lhe era impossivel conferencíar com o Duque de Newcastle, Secretario d'Estado dos Negocios Estrangeiros de Sua Magestade Britannica. O resultado foi que, acceitando, teve de escrever, como fez em 13 de

junho de 1746, pelo que não somente se mallogrou o ne-

  1. Seja-nos permittido, em testemunho de respeito á memoria de nosso saudoso pae, o Conselheiro Joaquim Cesar de Figaniere e Morão, Encarregado de Negocios, depois Ministro Residente, e finalmente, desde 1854, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario de Portugal nos Estados Unidos de America, citar dous casos de commutação da pena capital por elle conseguida. O primeiro em 1823, a favor do marinheiro Portuguez, Manuel Cartaxo, condemnado a morte por assassinato, pena commutada pelo Presidente Monroe, a sollicitação d'aquelle Diplomata. O segundo em 1857, na pessoa de outro marinheiro Portuguez, Francisco Soares, sentenciado por crime da mesma natureza. A pena de morte foi-lhe commutada em sete annos de prisão pelo Presidente Buchanan. Veja-se a este respeito o Relatorio do Ministerio dos Negocios Estrangeiros apresentado às Côrtes, na sessão ordinaria que teve principio em 4 de novembro de 1860 (impresso em 1860, a pag. XXVIII.