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Nada debilita tanto um escripto, pelo cunho que lhe da, como ser vago e indeterminado o objecto a que se dirige. Os meios, ao divergirem, enfraquecem, ou assentam em falso; mas dão-se mutuamente apoio quando todos convergem para o mesmo ponto.

«O fim commum dos escriptos politicos é persuadir, isto é, mudar ou determinar e corroborar as opiniões dos soberanos e das nações a respeito de qualquer objecto, para os levar depois a proceder conforme os nossos interesses. Mas quantos fins particulares não estão envolvidos n'esse fim geral, sobre a escolha dos quaes cumpre tomar uma decisão! Póde-se porventura ter em vista apresentar como verdadeiro o que parecia falso; como certo o que parecia duvidoso; como lícito o que parecia injusto; como justo o que parecia censuravel; como util ou necessario o que parecia perigoso ou nocivo. Pódc-se tambem trazer a mira em conseguir o effeito contrario.

«Exigem as circumstancias algumas vezes que se adoptem varios d'esses fins como meios subordinados e indispensaveis. Tambem às vezes só conseguimos persuadir ínstruindo ou commovendo. Mas em qualquer d’essas hypotheses, cumpre ter um ponto de vista determinado, estar de accordo comsigo mesmo, e sobre o que se pretende.

«Logo que se haja decidido qual o fim, é necessario informar-se de tudo quanto elle exige. Este exame reduz-se á escolha das ideas que fazem ao nosso proposito, a da ordem que havemos de seguir no encadeamento das mesmas, e finalmente á escolha do theor geral da linguagem que convem adoptar.

«Occupemo-nos do primeiro d'esses objectos, a escolha dos pensamentos.

«Temos visto que em politica o interesse é o motor mais poderoso da persuasão. Um negociador habil aproveitar-se-ha, pois, d'este attractivo, fara d'elle o ponto principal