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QUINCAS BORBA
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de casa; lá soube que o redactor era o Dr. Camacho. Correu ao escriptorio delle. Mas, em caminho na mesma rua: — Deolindo! Deolindo! bradou angustiadamente uma voz de mulher á porta de uma colchoaria. Bubião ouviu o grito, voltou-se, viu o que era. Era um carro que descia e uma creança de três ou quatro annos que atravessava a rua. Os cavallos vinham quasi em cima delia, por mais que o cocheiro os sofreasse. Bubião atirou-se aos cavallos e arrancou o menino ao perigo. A mãe, quando o recebeu das mãos do Bubião, não podia fatiar; estava pallida, tremula, e chorava. Algumas pessoas puzeram-se a altercar com o cocheiro, mas um homem calvo, que vinha dentro, ordenou-lhe que fosse andando. O cocheiro obedeceu. Assim, quando o pai, que estava no interior da colchoaria, veiu fora, já o carro dobrava a esquina de S. José. — Ia quasi morrendo, disse a mãe. Se não fosse este senhor, não sei o que seria do meu pobre filho. Era uma novidade no quarteirão. Visinhos entravam a ver o que succedêra ao pequeno; na rua, creanças e moleques, espiavam pasmados. A creança tinha apenas um arranhão no hombro esquerdo, produzido pela queda.