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QUINCAS BORBA
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consternação da sobrinha. Para que francez? A sobrinha dizia-lhe que era indispensável para conversar, para ir ás lojas, para ler um romance...

  • — Sempre fui feliz sem francez, respondia a

velha; e os meia-linguas da roça são a mesma cousa: não vivem peior que os creoulos. Um dia accrescentou: — Nem por isso lhe hão de faltar noivos. Pôde casar, já lhe disse que pode casar quando quizer, que eu também casei; e até deixar-me na roça, sosinha, morrer como uma besta velha... — Mamãe! — Não tenha pena; é só apparecer o noivo. Em apparecendo, vá com elle, e deixe-me ficar. Olha Maria José o que fezcommigo? Vive lá pelo Ceará... — Mas se o marido é juiz de direito, ponderava Sophia. — Torto que seja! Para mim é a mesma cousa. Cá fica o frangalho da velha. Casa, Maria Benedicta, casa depressa; eu morrerei com Deus... Não terei filhos, mas terei Nossa Senhora, que é mãe de todos. Casa, anda. casa! Toda essa rahugem era calculo; tinha em mira arredar a filha do matrimônio, excitando-lhe o terror e a piedade. Quando menos, retardar-lh'o. Não creio