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QUINCAS BORBA
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parecia ter assistido á scena. Que narração! que viveza de estylo! Alguns pontos estavam accrescentados, — confusão de memória, — mas o accrescimo ,não ficava mal. E certo orgulho que lhe notou ao repetir-lhe o nome? «O nosso amigo, o nosso distinctissimo amigo, o nosso valente amigo...» Ao almoço, riu-se de si mesmo; achou-se mortificado em demasia. Afinal, que tinha que o outro desse aos seus leitores uma cousa que era verdadeira, que era interessante, dramática, — e, seguramente, — não vulgar? Sahindo, recebeu alguns comprimentos; Freitas chamou-lhe S. Vicente de Paula. E o nosso amigo sorria, agradecia, diminuia-se, não era nada... — Nada? replicou alguém. Dê-me muitos desses nadas... Salvar uma creança com risco da própria vida... Bubião ia concordando, ouvindo, sorrindo; contava a scena a alguns curiosos, que a queriam da própria bocca do autor. Certos ouvintes respondiam com proezas suas, — um que salvara uma vez um homem, outro uma menina, prestes a afogar-se no boqueirão do Passeio, estando a tomar banho. Vinham também suicídios malogrados, por intervenção do ouvinte, que tomou a pistola ao infeliz, e