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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

companheiros, para que eu mostre a este joven casal alguns feitiços da minha feitiçaria.» As palavras seriam as mesmas da comedia; a ilha é que era outra, a ilha e a mascarada. Aquella era a própria cabeça do nosso amigo; esta não se compunha de deusas nem de versos, mas de gente humana e prosa de sala. Mais rica era. Não esqueçamos que O Prospero de Shakspeare era um duque de Milão; ej eis ahi, talvez, porque se metteu na ilha do nosso amigo. Em verdade, as noivas que appareciam ao lado do Bubião, naquelles sonhos de bodas, eram sempre titulares. Os nomes eram os mais sonoros e fáceis da nossa nobiliarchia. Eis aqui a explicação: poucas semanas antes, Bubião apanhou um almanackde Laemmert,centrando a folheal-o, deu com o capitulo dos titulares. Se elle sabia de alguns, estava longe de os conhecer a todos. Comprou um almanack, e lia-o muitas vezes, deixando escorregar os olhos por alli abaixo, desde os marquezes até O S barões, voltava atraz, repetia os nomes bonitos, trazia a muitos de côr. Ás vezes, pegava da penna e de uma folha de papel, escolhia um titulo moderno ou antigo, e escrevia-o repetidamente, como se fosse o próprio dono e assignasse alguma cousa: