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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

— Em todo caso, sente-se; também se pôde dar um papel sentado. Estava tão bonita, que elle hesitou em dizer-lhe as palavras duras que trazia de cór. O luto ia-lhe muito bem,e o vestido parecia uma luva. Sentada, via-se-lhe metade do pé, sapato raso, meia de seda, cousas todas que pediam misericórdia e perdão. Quanto á espada daquella bainha, — assim chama á alma um velho autor,— parecia não ter gume nem campanhas; era uma ingênua faca de marfim. Bubião esteve a pique de fraquear; a primeira palavra arrastou as outras. — Que papel? perguntou Sophia. — Um papel, que supponho grave, respondeu elle contendo-se; — não se recorda ou não sabe que perdeu uma carta? — Não. — Costuma escrever cartas? — Tenho escripto algumas; mas, não me lembra se grave. Deixe ver. Bubião tinha os olhos desvairados. Não disse nem fez nada. Levantou-se para sair, não saiu. Depois de alguns instantes de silencio e inquietação, fallou sem raiva: — Não é segredo para a senhora que lhe quero bem. A senhora sabe disto, e não me despede, nem