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QUINCAS BORBA
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aguardou a resposta. Ao contrario do que esperava, Rubião abanou a cabeça negativamente. — Não tenho de que me arrepender, disse elle; e prefiro que me não perdoe. A senhora ficará cá dentro, quer queira, quer não; podia mentir, mas que é que rende a mentira? A senhora é que não tem sido sincera commigo,porque metem enganado... Sophia retezou o busto. —... Não se zangue; não desejo offendel-a; mas, deixe-me dizer que a senhora é que me tem enganado, e muito, e sem compaixão. Que ame a seu marido, vá; perdoava-lhe; mas que... — Mas que? repetiu ella espantada. Bubião metteu a mão no bolso, tirou a carta, e entregou-lh'a. Sophia, ao ler o nome de Carlos Maria, ficou sem pinga de sangue; elle viu-lhe a pallidez. Dominando-se logo, perguntou o que era, que queria dizer essa carta. — A lettra é sua. — É minha. Mas que diria eu aqui dentro? continuou tranquilla. Quem lhe deu isto? Bubião quiz referir o achado; mas entendeu ter alcançado o bastante; cortejou-a para sair. — Perdão, disse ella, abra o senhor mesmo a carta.