Página:Quincas Borba.pdf/284

Wikisource, a biblioteca livre
274
QUINCAS BORBA

274

QUINCAS BORBA

tura, e ligou-a muito a si; disse-lhe baixinho, dentro do ouvido, que era como se fosse sua própria mãe. E beijava-a na face, na orelha, na nuca, encostava-lhe a cabeça ao hombro, acarinhava-a com a outra mão. Tudo, tudo, queria saber tudo. Se o namorado estava na lua, mandaria buscal-o á lua, — fosse onde fosse, — excepto no cemitério; mas, se estivesse no cemitério, dar-lhe-hia outro muito melhor, que faria esquecer o primeiro em poucos dias. Maria Benedicta ouvia agitada, palpitante, não sabendo por onde escapasse,— prestes a fallar, e calando a tempo, como se defendesse o seu pudor. Não negava, não confessava, — mas, como também não sorria, e tremia de commoção, era fácil adivinhar meia verdade, ao menos. — Mas então não sou sua amiga, não tem confiança em mim? Faça de conta que sou sua mãe. Maria Benedicta pouco mais resistiu; gastara as forças e sentia a necessidade de revellar alguma cousa. D. Fernanda escutou-a commovida. O sol vinha já lambendo as cercanias do banco, não tardou que lhes trepasse aos sapatos, á barra dos vestidos e aos joelhos; mas nenhuma deu por elle. O amor as absorvia; a exposição de uma tinha para a outra um