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QUINCAS BORBA
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QUINCAS BORBA

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O major deu dous passos, com as mãos atraz, e parou deante de Bubião. — Da outra... ou do padre Mendes. Como vae «D padre? Boa vida, naturalmente. — Mas, papae, pôde não haver nada, interrompeu D. Tônica. Ella sempre me trata bem, e quando estive doente no mez passado, mandou saber pelo moleque, duas vezes... ,— Pelo moleque! bradou o pae. Pelo moleque! Grande favor! «Moleque, vae alli á casa daquelle reformado e pergunta-lhe se a filha tem passado melhor; não vou, porque estou lustrando as unhas!» Grande favor! Tu não lustras as unhas! tu trabalhas! tu és digna filha minha! pobre, mas honesta! Aqui o major chorou, mas suspendeu de repente as lagrimas. A filha, commovida, sentiu-se também vexada. Certo, a casa dizia a pobreza da família, poucas cadeiras, uma meza redonda velha, um canapé gasto; nas paredes duas lithographias encaixilhadas em pinho pintado de preto, um era o retrato do major em 1857, a outra representava o Veronez em Veneza, comprado na rua do Senhor dos Passos Mas o trabalho da filha transparecia em tudo; os moveis reluziam de asseio, a meza tinha um panno de crivo, feito por ella, o canapé uma almofada. E