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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

mingo do passeio (era então Janeiro de 1870) avisou a um barbeiro e cabelleireiro da rua do Ouvidor que o mandasse barbear a casa, no outro dia, ás nove horas da manhã. Lá foi um official francez, — chamado Lucien, creio eu, — que entrou para o gabinete de Bubião, segundo as ordens dadas ao criado. — Uhm!... rosnou Quincas Borba, de cima dos joelhos do Bubião. Lucien parou á porta do gabinete, e comprimentou o dono da casa; este, porem, não viu a cortezia, como não ouvira o signal do Quincas Borba. Estava em uma longa cadeira de extensão, ermo do espirito, que rompera o tecto e se perdera no ar. A quantas léguas iria? Nem condor nem águia o poderia dizer. Em marcha para a lua, — não via cá em baixo mais que as felicidades perennes, chovidas sobre elle, desde o berço, onde o embalaram fadas, até á praia de Botafogo, aonde ellas o trouxeram, por um chão de rosas e bogaris. Nenhum revez, nenhum mallogro, nenhuma pobreza; — vida plácida, cosida de goso, com rendas de supérfluo. Em marcha para a lua! Lucien relanceou os olhos pelo gabinete, onde fazia principal figura a secretária, e sobre ella os dous bustos de Napoleão e Luiz Napoleão. Belativamente