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QUINCAS BORBA
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QUINCAS BORBA

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mentos, alguns extraordinários, como os do finado amigo Quincas Borba, — theorias que elle não entendera, quando lh'as ouvira outr'ora,em Barbacena, e que ora repetia com lucidez, com alma,—ás vezes, empregando as mesmas phrases do philosopho. Como explicar essa repetição do obscuro, esse conhecimento do inextricavel, quando os pensamentos e as palavras pareciam ter ido com os ventos de outros dias? E porque todas essas reminiscencias desappareciam com a volta da razão?

CAPITULO CLVII

A compaixão de Sophia,— explicado o mal do Bubião pelo amor que elle lhe tinha, — era um sentimento médio, não sympathia pura nem egoismo ferrenho, mas participando de ambos. Uma vez que evitasse alguma situação idêntica á do coupé, tudo ia bem. Nas horas em que Rubião estava lúcido, escutava-o e fallava lhe com interesse,— até porque a doença, dando-lhe audácia nos momentos de crise, dobrava-lhe a timidez nas horas normaes. Não sorria, como o Palha, quando Bubião subia ao throno ou commandava um exercito. Crendo-se autora do mal,