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QUINCAS BORBA
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QUINCAS BORBA

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earruagem, onde ella se ia com o primo, mãos presas, namorada de uma linguagem de ouro e sandalo. Também aqui não ha que atterre. O terror veiu quando a carruagem parou, muitos vultos mascarados a cercaram, mataram o cocheiro, arrancaram as portinhola?, apunhalaram Carlos Maria e deitaram o cadáver ao chão. Depois, um delles, que parecia ser o cabo de todos, tomou o lugar do defuncto, tirou a mascara e disse a Sophia que se não assustasse, que elle a amava cem mil vezes mais que o outro Logo em seguida, pegou-lhe nos pulsos e deu-lhe um beijo, mas um beijo huraido de sangue, cheirando a sangue. Sophia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido. — Que foi? perguntou elle. — Ah! respirou Sophia. Gritei, não gritei? Palha não respondeu nada; olhava á tôa, pensava em negócios. Então um receio assaltou a mulher, se haveria effectivamente fallado, murmurado alguma palavra, ura nome qualquer, — o mesmo que escrevera na água. E logo, espreguiçando os braços para o ar, fel-os cahir sobre os hombros do marido, cruzou as pontas dos dedos na nuca, e murmurou meia alegre, meia triste: Sonhei que estavam matando você.