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QUINCAS BORBA
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D. Fernanda não cabia em si de contente. As cartas de Maria Benedicta os davam por felizes; ella não poude ler desde logo nos olhos e nas maneiras do casal a confirmação do escripto. Pareciam satisfeitos. Maria Benedicta não reteve as lagrimas, quando abraçou a amiga, nem esta as suas, e ambas se apertaram como duas irmãs de sangue. No dia seguinte, quando puderam fallar a sós, D. Fernanda perguntou a Maria Benedicta se ella e o marido eram felizes, e, sabendo que sim, pegou-lhe nas mãos e fitou-a longamente sem achar palavra. Não logrou mais que repetir a pergunta: — Vocês são felizes? — Somos, respondia Maria Benedicta. — Não sabe que bem me faz a sua resposta. Não é só porque eu teria remorsos, se vocês não tivessem a felicidade que eu imaginei dar-lhes, mas também por que é bem bom ver os outros felizes. Elle gosta de você como no primeiro dia? — Creio que mais, porque eu o adoro. D. Fernanda não entendeu esta palavra. Creio que mais, por que eu o adoro! Em verdade, a conclusão não parecia estar nas premissas; mas era o caso de emendar outra vez Hamlet: «Ha entre o céo e a terra, Horacio, muitas cousas mais do que sonha