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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

— Eu? Nada. Porque? — Parecia estar aborrecido. .— Não, não estava aborrecido. — Estava, sim, insistiu ella. Carlos Maria sorriu, sem responder. Maria Benedicta já lhe conhecia esse sorriso especial, inexpressivo, sem ternura nem censura, superficial e pallido. Não teimou em querer saber, mordeu os beiços e retirou-se. No quarto, durante algum tempo, não cuidou de outra cousa que não fosse aquelle sorriso descorado e mudo, signal de algum aborrecimento, cuja culpa não podia ser senão ella. E percorria toda a conversação, todos os gestos que fizera, e não achava nada que explicasse a friezi, ou o que quer que era de Carlos Maria. Talvez ella se mostrasse excessiva nas palavras; era seu costume, se estava contente, pôr o coração nas mãos e distribui-lo a amigos e a extranhos. Carlos Maria reprovava essa generosidade, porque dava um ar de sorte grande ao seu estado moral e doméstico, e porque lhe parecia banal e inferior. Maria Benedicta recordava-se que, em Paris, na colônia brazileira, sentira mais de uma vez esse effeito de suas expansões, e reprimira-se. Mas D. Fernanda estaria no mesmo caso? Não era a autora