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QUINCAS BORBA

QUINCAS BORBA

Bubião não sabia mais que dissesse; afinal tomou atraz e explicou-se; eram da senhora de um seu amigo particular. Carlos Maria piscou o olho; Freitas interveiu dizendo que, agora, sim, senhor, estava explicado; mas que, a principio, o mysterio, o arranjo da cestinha, o ar dos próprios morangos, — morangos adúlteros, disse elle, rindo,— todas essas cousas davam ao negocio um aspecto immoral e peccaminoso; mas tudo ficara acabado. Tomaram em silencio o café; depois passaram á sala. Bubião desfazia-se em obséquios, mas preoo,, cupado. Corridos alguns minutos, estava satisfeito com a primeira supposição dos dous convivas: a de um amor adúltero; achou até que se defendera com demasiado calor. Uma vez que não dissesse o nome de ninguém, podia ter confessado que era, em verdade, um negocio intimo. Mas também podia acontecer que o próprio calor da negativa deixasse alguma duvida no animo dos dous, alguma suspeita... Aqui sorriu consolado. Carlos Maria consultou o relógio; eram duas horas, ia-se embora. Bubião agradeceu-lhe muito e muito o obséquio e pediu-lhe que repetisse; podiam passar alguns domingos assim em boa palestra amigável. — Apoiado! bradou Freitas aproximando-se.