Página:Resurreição (sic) - romance.djvu/177

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era lícito opor algum obstáculo à felicidade da donzela, dado que esta vencesse o coração do seu noivo.

Lívia não dormiu a noite toda. No dia seguinte, apenas a claridade da manhã lhe entrou no quarto, a viúva levantou-se, vestiu à pressa um roupão, e foi ao quarto de Raquel.

A filha do coronel dormia profundamente. Repousava de suas longas reflexões. Lívia abriu o cortinado muito ao de leve, contemplou-lhe o rosto sereno e risonho, os olhos cerrados, e os lábios semi-abertos como se em sonhos murmurasse palavras de amor. Os cabelos esparsos lhe serviam de resplendor à sua cabeça angélica.

— Não! pensava Lívia, o amor não dorme assim tranqüilo em dias de infortúnio e desespero. Criança inconsciente que te supões alar às regiões do sol, que sabes tu dos precipícios da viagem, que conheces tu das voragens do coração?

— Ah! estava aqui! exclamou Raquel acordando; ainda bem!

— Por quê?

— Sonhei que morria, e que era recebida