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REVISTA DO BRASIL

do mal. Nabuco, animando-me como V., escreveu-me que a mim coube a melhor parte — "o soffrimento". A visão delle é outra, mas em verdade o soffrimento é ainda a melhor parte da vida.

Adeus, obrigado, não esqueça este seu velho

MACHADO DE ASSIS.


Rio de Janeiro, 6 de Dezembro de 1904.

Meu caro Nabuco.

Quando ia responder a sua carta de 8 de Outubro, aqui chegada depois da morte da minha querida Carolina, trouxe-me o correio outra de 17 de Novembro, a respeito desta catastrophe. A nova carta veiu com palavras de animação, quaes poderiam ser ditas por V. São ellas cabaes e verdadeiras. Ha só um ponto, meu grande amigo: é que as lê e relê um velho homem sem forças, radicalmente enfermo. Farei o que puder para obedecer ao preceito da amizade e da bondade. Ainda uma vez obrigado!

Indo a carta anterior dir-lhe-ei que a inscripção para a academia terminou a trinta de novembro e os candidatos são o Osorio Duque Estrada, o Vicente de Carvalho e o Souza Bandeira. A candidatura do Jaceguay não appareceu; tive mesmo occasião de ouvir a este que se não apresentaria. Quanto ao Quintino não fallou a ninguém. A sua theoria das supeioridades é boa; os nomes citados são dignos, elles é que parecem recuar. Estou de accôrdo com o que V. me escreve ácerca do Assis Brazil, mas também este não se apresentou. A eleição entre os inscriptos, tem de ser feita na primeira quinzena de fevereiro. Estou prompto a servir a V. como guarda da consciência litteraria, por mais bisonho que possa ser. Ha tempo para receber as suas ordens e a sua cédula.