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Historia do Brasil, de 1881 n.º 20075) e deve parar hoje na Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro.

É perfeitamente identico á estampa que acompanha este artigo e conforme a seguinte descripção de Varnhagen: «A bandeira era bicolor, azul escura e branco, sondo as cores partidas horizontalmente, a primeira em cima e esta por baixo, e tendo, no rectangulo superior azul, arco iris com uma estrella em cima e o sol por baixo, dentro do semicirculo; e no inferior, branco, uma cruz vermelha.» [1]

Approvado o desenho foram as bandeiras mandadas fazer pelo alfaiate José de O’ Barbosa, capitão de milicias pardas e mestre peritissimo, que, auxiliado por seu irmão Francisco Dornellas Pessoa[2] as executou primorosamente, todas de seda e compostas de pequenos retalhos d’estu fazenda para representar não só o colorido como o desenho dos emblemas.[3]

Assim, «apromptadas as bandeiras necessarias, diz Muniz Tavares, foi determinado o dia para a benção, e consignação aos respectivos regimentos. Era o dia 21 de Marco, e foi o campo do Erario o lugar escolhido para a solemnidade deste acto religioso e politico. Alli ás 8 horas da manhã achava-se já desfilada toda a tropa de primeira linha, e milicias, com a musica em frente, que por intervallos fazia-se ouvir; no centro do campo tinha sido erecto hum decoroso altar, sobre o qual collocarão-se as bandeiras. O altar estava voltado para o Oriente; o Sol reflectindo sobre elle os seus luminosos raios, parecia ensinar aos circumstantes a recorrer ao verdadeiro Sol de Justiça, d’onde provem o unico seguro auxilio. Ao pé do altar com devota compostura estava a Deão da Cathedral revestido dos paramentos sagrados, e assistido pelo Clero da Parochia de S. Antonio em sobrepeliz: do lado do Evangelho comparecião os cinco membros do Govorno Pro-

  1. — Historia Geral do Brasil, 2. ed. — Rio de Janeiro, 1878, pp. 1133-1134.
  2. — P. Dias Martins. — Os Martires Pernambucanos. — Pernambucanos, 1853, pp. 74 e 314.
  3. – Pereira da Costa. — Diccionario Biographico. — Recife, 1882, pag. 599.