educação, espinhos de roça, e rabugem de velhice : mas o que me diz o coração é que os senhores, pelo caminho em que vão, hão de dar com esta boa terra em vasa barrís.
— Por causa dos 184$000?... perguntou o commendador desatando uma gargalhada.
— Não, tornou o roceiro comprimindo-se ; mas porque vejo tudo fóra de seus eixos, tudo de cabeça para baixo, e de pés para cima : não ha leis, não ha costumes que prestem, não ha systema politico proficuo, não ha felicidade publica possivel, quando a moral está corrompida ; e o que eu vejo é que a geração actual passa dias e noites em orgias constantes, sentada sobre as ruinas da moralidade publica.
— Que diabode philosophia que eu não entendo!...
— Tudo está pervertido !... em politica o poder é o fim e não o meio : subir, não importa como, eis o grande pensamento dos estadistas do seculo : uma commenda a cada potentado eleitoral, um habito ao filho do compadre do ministro, alguns empregos e algumas pensões aos protegidos da maioria, eis a historia de todos os nossos gabinetes ; tudo mais que se observa demonstra que a sociedade está podre : o patronato arranca os louros ao merito, a riqueza rouba as honras á virtude, o charlatanismo disputa os fóros á sabedoria ; o artista é um hilote, o poeta um doudo, o homem honrado um pedaço d'asno e o traficante um heróe.
— Mas por fim de contas a que vem tudo isso para o caso dos 184$000 ?
— Assim, Sr. commendador, exclamou alegremente Mauricio, chame o orador á ordem : elle ainda não disse uma palavra sobre a questão do orçamento; o que faz, é divagar tratando da politica geral.
— Vem, disse Anastacio respondendo á pergunta