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Página:Rosa - romance brasileiro, t1 (nova ed.).pdf/16

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que lhe fizera o commendador ; vem para concluir que o grande edificio da moral publica está por um triz a desabar de todo, e que a geração actual, que não é capaz de regenera-lo, deve ao menos tratar de especa-lo.

— Bravo ! temos programma de misnistro novo.

— Que é o mesmo que dizer — temos mentira velha.

— Vamos sempre ouvi-lo : attenção !...

— Eu digo, que a geração aactual estando, como de facto está, desgraçadamente pervertida ; que tendo todos nós muito de que envergonhar-nos diante uns dos outros, não podemos contar com força moral sufficiente para regenerar a sociedade.

— Bem : e neste caso ?...

— Neste caso, já que não podemos preparar um futuro para nossos filhos, devemos ao menos preparar nosso filhos para crear um futuro.

— Fiquei na mesma.

— Eu digo, continuou o velho roceiro elevando a voz, que já que somos obrigados a deixar a nossos herdeiros uma casa estragada pelo cupim, cumpre que leguemos ao porvir artifices capazes de levantar casa nova.

— Cada vez o entendo menos.

— eu digo, exclamou o velho, cujos olhos brilharam como dous vaga-lumes, que é preciso educar a mocidade.

— Oh, meu Sr. ! quer mais aulas do que as que temos ?...

— Aulas ?... quem fallou aqui em aulas ?... algumas temos já, de muitas outras carecemos, e quantas ainda se estabelecerem não serão de sobejo : a sociedade que governa as deve ao povo, que lhe paga tributos de suor e de sangue : não é