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Página:Rosa - romance brasileiro, t1 (nova ed.).pdf/19

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aceita o braço de um nobre cavalheiro, e vai com elle passear conversando agrdavelmente.

— Sim, arripio-me ao ver que um pobre pai, lá no tal baile sumptuoso, senete que se approxima de sua filha querida um marmanjo, que ella nunca vio, que não sabe se é um moço de bem ou um mancebo desmoralisado ; e que no entretanto leva pelo braço a innocente menuna, passeia e conversa com ella horas inteiras, diz-lhe cousas que a fazem rir, que a fazem córar, que a fazem estremecer : ah ! se eu fosse um desses pais !...

— Que faria ? vinha o Carmo abaixo?...

— Que faria ? ! primeiramente, minha filha não dansava nem passeava senão com pessoas que eu conhecesse, e cujo caracter apreciasse*: e se por ventura, alguma veez acontecesse o contrario disso, e minha filha córasse ou estremecesse, eu havia de ir logo perguntar-lhe a causa.

— E isso não demonstrava senão muito pouca confiança na virtude de sua filha.

— Sr. commendador, ha homens que são viboras ; nada se illude mais facilmente do que a innocencia ; e um instante de allucinação é de sobra para manchar-se a vida toda de uma mulher.

— O Sr. nem ao menos enxerga dous palmos adiante de si !... não vê que os bailes facilitão os casamentos ? ! ! !

— Facilitão ? ! ! ! difficultão,digo-lh'o eu ; os ricos são pouco, os ricos que querem casar-se ainda em menor numero, e os pobres, a menos que não tenhão o juizo em agora, não animão-se nunca a pretender a mão de uma moça, que não aprendeu a ser economica, e que gasta contos de réis por anno com vestidos, que devem apparecer tres horas em uma noite.

— Comprehende-se facilmente a razão por que