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Página:Rosa - romance brasileiro, t1 (nova ed.).pdf/32

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— Qual ! não servia, respondeu ; o Sr. commendador deve lembrar-se dos trances por que passaria para arranjar-se a modo de guarnição de vestido ; e pela minha parte eu declaro que por cousa alguma do mundo consentiria em apresentar-me com o Sr. commendador nos meus cabellos.

— Bravo, sobrinha ! exclamou Anastacio ; estou quasi votando pela compra das flôres.

O commendador lançou um olhar arrevezado sobre o velho roceiro.

No entanto a moça chegou-se para Mauricio, passou-lhe o formoso braço por traz do pescoço, e fazendo um momo enfeitiçado,disse com voz maviosa:

— Meu paizinho, dá-me as flôres ?...

Mauricio desprendeu-se brandamente daquelle braço, como se tivera medo de não poder resistir ao afago, e respondeu fingindo um leve enfado :

— Menina, toma juizo.

— Pois dê-me as flôres.

— Deixa-te disso... não é possivel.

Sim... que eu me deixe disso, e que eu vá ao baile com flôres velhas, com um vestido bem fóra da moda... até mal penteada ; que me achem desengraçada... abatida no meio das outras... que me achem mesmo feia... que importa ?... ora... não vale nada... não faz mal...

— Sr. commendador, disse Mauricio, parece que já tardão os parceiros do voltarete.

— Não vou ao baile ! gritou Rosa indo precipitadamente sentar-se no sofá ; não hei de ir ao baile !...

— Ante-hontem foi a noite dos codilhos para mim . hoje porém hei de tirar a minha desforra.

O commendador bem lançava vistas amorosas para Rosa . mas não se atrevia a dizer palavra com medo do velho roceiro.

A moça guardou silencio durante algum tempo ;