Mauricio trocava sorrisos de intelligencia com Anastacio : o commendador suspirava de vez em quando. Finalmente Rosa não pôde conter-se, e repetio :
— Ora.... que tem !... não vou ao baile.
— E os parceiros a se demorarem ! disse Mauricio ; aquelle meu compadre Baptista é a preguiça em pessoa.
— Bravo, mano !... exclamou Anastacio.
A moça encavacou completamente ; voltou-se para o velho, e diz fingindo-se socegada :
— Então pensa meu tio que eu me incommodo muito por não ir a um baile ?...
— Quem disse semelhante cousa ?... perguntou ironicamente Anastacio.
— Póde zombar como quizer, tornou-lhe ella; creia porém, e creião todos, que não ir ao baile de amanhã será uma victoria para o que chamão minha vaidade.
— Tambem póde ser.
— Sabe o que ha de acontecer?... amanhã á noite cem olhos se voltarão para a porta esperando ver-me entrar ; perguntarão porque não fui , lembrar-se-hão de mim... sentirão a minha falta, e tudo isso é um triumpho !... Sim, meu tio, a ausencia de uma moça bonita n'um baile, que ella costuma frequentar; é tão notavel como o silencio de um sabio n'uma sociedade de letras. Oh ! isto é assim : estou bem contente... mesmo mais contente do que se fosse.
Calaram-se todos : prolongou-se por muito tempo o silencio : apenas se deixavão ouvir os suspiros do commendador Sancho.
Rosa, passados alguns momentos de immobilidade no sofá, começou a agitar-se ; depois fitou os olhos no tecto da sala, e socegou de novo ;depois cantarolou o allegro de uma aria italiana ; depois levantou-se, e passeou pela sala ; e emfim, hesitando outra