Me deve a palma dar. Mas faltão-me brilhantes, E um cinto de diamantes, Que m'a venha apertar. Papai, que me quer bem, É quem ha de pagar.
Meu collo magestoso A mesma graça inveja : Meu branco peito alveja Ao lirio escurentar. Por isso é que apeteço Riquissimo adereço P'ra o collo me adornar. Papai, que me quer bem, É quem ha de pagar.
As minhas mãos de neve E dedos de crystal, E as unhas de coral Desejão-se beijar. Mas dev'em luvas finas, Mimosas, pequeninas, Deixar-se adivinhar. Papai que me quer bem, É quem ha de pagar.
São longos e formosos Os meus negros cabellos, Tão crespos e tão bellos Ninguém póde ostentar ; Mas dobrão de esplendor, Quando uma linda flôr Entre elles vai brilhar. Papai, que me quer bem, É quem ha de pagar.