de lenço encarnado atado á cabeça, lia o Novo Dicionario das flôres ou Vade-mecum dos namorados, tendo ao collo o seu querido gato pampa.
D. Clara, moça dos seus trinta e dous janeiros, segundo o livro do cigario, e de vinte quatro, segundo as contas della mesma, estava acabando a centesima-vigesima-quinta cousa-nenhuma do vestido novo, com que devia apresentar-se no baile dessa mesma noite.
Faustino, joven de vinte oito annos, achava-se sentado junto de uma mesa, com a perna esquerda estendida sobre uma cadeira, e escrevia muito, meditando pouco.
Faustino era alto, corpulento, de olhos fundos, côr morena e nariz de fazer sombra.
D. Clara era de boa altura, cheia de corpo, côr atirando para amarella, que ella chamava romantica, cabellos castanhos, olhos pardos, porém vivos; nariz microscopico ; boca allopathica e queixo homoepathico.
A velha era velha.
— Amor perfeito : — Existo para ti só !... — Como é bem achado isto ! ! ! dizia lendo D. Bazilia.
— Este babadinho aqui, exclamava D. Clara, é mais eloquente do que um livro de rhetorica : às vezes toda a graça de uma moça está palpitando em um babadinho !
— Cataclismo !... maldição !... horror !... Inferno e furias !... bradava Faustino escrevendo.
Bateram palmas.
— Quem é?... perguntou a velha em tom de falsete.
Bateram de novo.
— Com effeito ! tornou D. Bazilia marcando a pagina de seu livrinho ; nem ao menos deixão á gente tempo para se instruir !