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Página:Rosa - romance brasileiro, t1 (nova ed.).pdf/43

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— Illude os tolos.

— Porém o bordado e o ponto de marca?...

— Isso agora é questão um pouco mais intríncada : aprendi o bordado e o ponto de marca, porque detesto o exclusivismo na sociedade, e pretendo demonstrar por essa maneira que as senhoras têm incontestavel direito a ser medicas e boticarias, chefes de policia e inspectoras de quarteirão, ministras de estado, deputadas, e até mesmo senadoras, sapateiras e alfaiates, e tudo mais que nós os homens podemos ser, do mesmo modo que nós os homens temos tambem o direito de marcar, bordar e trocar bilros.

— Lá nisso, Juca, por certo que pensas bem; mas para que aprendeste ainda musica e declamação?...

— Oh! quem sabe cantar e declamar, tem meio caminho andado no que diz respeito aos affectos e aos sentimentos ardentes! sim, ama-se por sustenidos, despreza-se por bemoes; e quando o amor deixa de nos fazer conta, e o desprezo já não tem lugar, com um simples bequadro destroem-se todos esses accidentes da solfa de coração; e declamando... declamando então?... oh! por certo a declamação é um verdadeiro thesouro na época em que aquelle que mais grita é o que tem mais razão!

— Porém ser cabelleireiro, Juca, de que póde servir a um homem que se destinou á medicina?...

— O cabelleireiro, Sra. D. Bazilia, é um dos membros mais uteis da sociedade; qual é a missão do cabelleireiro neste mundo?... arranjar as cabeças desarranjadas: e todos nós sabemos como andão as cabeças neste seculo de têas de aranha.

— E emfim o bilhar... o bilhar?...

— Que! o bilhar?!!! a sciencia das carambolas!... Oh! os homens ainda não comprehenderam todo o