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Hoje, gala, pompa, festa,
Prestigio, vaidade só!
— Amanhã d'isto que resta?
— Túmulos cheios de pó!
As garras da crua morte
Vestem de crepe o prazer;
É lei tyranna da sorte:
— Rico e pobre hão de morrer.

Ó, minha lyra, calemos
Os teus lastimosos sons.
E nós, minha mãe, choremos,
Só podem chorar os bons.
Deus, déste a lagrima ao triste
Para lhe mitigar a dôr,
Em nós só a dôr existe,
Nós choraremos, Senhor!

III


Passaremos assim este mundo, Senhora,
Às nossas afflicções carpindo mutuamente
          Té que a mão da sorte
Venha disseminar em nosso peito frio
A esperança feliz de nos juntarmos todos,
          Unidos pela morte.


1877.