Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/119

Wikisource, a biblioteca livre

— Qual! Não pode consigo.

— Chame sempre.

O Simão a custo arrastou-se até à porta da choupana.

— O senhor amanhã há de levar peixe em nossa casa. Olhe lá.

— O peixe conhece as minhas tarrafas! É à toa.

— Verá. Eu sou muito feliz; obtenho tudo que desejo. Basta que eu lhe encomende o peixe, para o senhor tirar a rede cheia.

— Mas é castigo, senhora.

— Castigo de estar aí deitado, sem fazer nada, enquanto a pobre da mulher se amofina de trabalhar.

— Mas ele está doente! acudiu Gertrudes.

— Doente de manha!

Guida lançou o cavalo contra o pescador, que, vendo-se ameaçado pelas ferraduras de Edgard, arrancou-se à prostração para recuar de um salto, com uma rapidez aliás desnecessária, porque a mão firme da moça obrigara o cavalo a girar sobre os pés.