Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/127

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se gruparam de modo a ver o objeto que lhes excitava a curiosidade. Ricardo, havendo-se adiantado na esperança de passar, foi obrigado a demorar-se em frente do grupo.

— Onde vai a senhora, D. Guida?

Esta pergunta foi dirigida por um dos cavaleiros à moça, vendo-a impelir Edgard contra o barranco do caminho para aproximar-se do arbusto, que ficava cerca de duas braças ladeira abaixo.

— Já que nenhum dos senhores se lembrou de oferecer-me uma daquelas flores, que eu acho tão bonitas, vou eu mesma buscá-la.

— Não faça isto!

— É uma imprudência!

— Eu não consinto!

Com efeito havia temeridade no intento da moça. Quem foi à Pedra Bonita sabe quanto é ab-rupta aquela montanha; o caminho, bastante íngreme, atravessa encostas rudes, cortadas em rápido talude e profundamente sarjadas pelos sulcos das torrentes que descem do cimo da serra quando chove. Seria sumamente perigosa