Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/234

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E o capitalista, que houvesse fornecido ao noivo em projeto os fundos necessários para sustentar a posição, poderia retirar da operação um lucro prodigioso.

No meio deste monólogo que reproduzimos sem o sainete de seu estilo financeiro, o visconde começou a calcular, como se fossem algarismos, os grãos de ervilha que espetava no garfo:

— Vamos a ver: 500$ por mês, para o patife lordear por aí e meter num chinelo a rapaziada da Rua do Ouvidor; em um ano, temos 6:000$, dois anos que digamos, 12:000$. Para o alfaiate, charutos, carro e o diabo, ponhamos 8:000$, sem falar dos calotes que ele há de pregar à grande. Aí temos 20:000$. Com um juro magro, de 3%, acumulado de mês em mês, vai ficar-me o tal boneco um tanto salgadete. Mas pode render uns duzentos conteclos...

Nesse ponto o visconde foi interrompido por um incidente.

O Dr. Nogueira observara o enlevo de D. Guilhermina a escutar os floreios que Fábio murmurava-lhe a meio-tom; derreando-se no encosto da cadeira,