Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/58

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cortejada pela lei, carece de um freio, a fim de não precipitar-se: esse freio é a consciência; não há outro.

— Bela teoria!... A moral prática é muito diferente!

— Não decores com este nome a tolerância do abuso e a transação cômoda que muita gente faz entre o seu interesse e o seu dever. A moral prática não pode ser outra cousa, senão a virtude nos atos da vida. Seriamente, me entristeço, Fábio, quando te vejo defender o que no fundo de tua alma reprovas, estou bem certo!

— Foi um gracejo!

— O ouro é a pedra de toque da consciência; o prumo que lhe sonda a profundidade. Creio que sou um homem honesto; mas não tenho a certeza disso, porque ainda não me vi à prova, entre os escrúpulos da probidade e os lucros certos de uma ação menos digna.

— Pois eu confio mais em ti, do que tu mesmo. Se por acaso o tal milionário, o Soares, te oferecesse vinte contos de réis para comprometeres a causa de alguns dos teus quatro clientes de