Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/97

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não tinham a cor do ouro, essa cor sedutora que a natureza destinou para o sol e o dinheiro, os dois clarões que deslumbram, um a vista, outro a alma?

Naturalmente a moça já conhecia a flor antes do primeiro encontro; passando procurava-a com os olhos, quando o descobriu, a ele Ricardo, na posição ridícula de um namorado de novela antiga, beijando o cravo que lhe atirou da janela a dama dos seus pensamentos.

Agora a Guida encaminhara o cavalo para o arbusto a fim de colher um ramo; mas avistando o importuno passeador, desistiu, disparando a galope.

— Esta moça, disse Ricardo rindo-se interiormente, há de me considerar como uma espécie de borboleta preta!

Depois do almoço, estando o sol muito quente, Fábio deitou-se a ler no quarto, e Ricardo, tomando a sua caixa de tintas, foi trabalhar junto à janela. Continuou a colorir o quadro que representava a Guida, e cujos traços ele havia corrigido pela manhã. As feições da moça, se