Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/98

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não eram de uma semelhança perfeita, recordavam sem dúvida a gentileza de sua fisionomia.

Seriam onze horas do dia; fazia uma calma abrasadora. D. Joaquina e as pretas estavam recolhidas lá para o interior; Fábio, contra o seu costume, lia tão placidamente que causava suspeitas. Tudo na casa estava em silêncio. Fora, o Galgo tosava uns tufos de capim-melado; e a Nanica ciscava no terreiro em companhia de um galo e de um pinto.

A janela junto da qual trabalhava Ricardo, era de tacaniça, onde havia sombra; daí não se enxergava a frente da casa, nem a rua de cafezeiros e abacates que ia dar à cancela da entrada; por isso não pôde ele ver um grupo de cavaleiros que, parados no caminho, espiavam para descobrir alguma pessoa da casa.

Afinal avistaram uma das pretas velhas que saíra a apanhar gravetos para o fogo.

— Vem cá, mãe; você nos dá um pouco d'água? disse um dos cavaleiros.

— Sim, meu senhor; pode entrar, respondeu a preta velha abrindo a cancela.