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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/107

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— Esta última razão, acrescentou sonsamente o visconde, não me tinha lembrado. É de arromba! Está decidido que não há nada absolu...

Não acabou o Aljuba de debulhar tranquilamente as sílabas do seu advérbio, porque foi de repente arrebatado à terra, e depois de uma ascensão curta e rápida se achou sentado no jardim, sem compreender ainda como isto acontecera.

A causa do fenômeno ali estava em carne e osso. Era o Sr. Benício que, passando casualmente pela próxima alameda, a farejar no jardim, o que não descobrira na sala, isto é, “uma pessoa a obsequiar”, bispou de longe a figurinha do visconde aprumada sobre a base.

— O sr. visconde de pé!... exclamou o Benício.

O incomparável obsequiador possuiu-se de um horror que talvez não lhe causasse o visconde, se em vez de ter-se direito, como a natureza o fizera, pusesse as mãos na areia, e fazendo cauda d'aba da casaca, imitasse o gambá, de que tinha seus traços fisionômicos.

Em dois saltos o homem serviçal galgou a escadaria de pedra, arrebatou da sala uma cadeira, e