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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/117

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Esperava achar um editor para a obra-prima do ilustre romancista francês; cousa bem duvidosa.

Às vezes deitava a pena sobre a bandeja do tinteiro, e derreando contra o recosto da cadeira, perdia-se em cogitações que o trabalho interrompera, e agora com a pausa voltavam a eito.

Conhecia-se-lhe pelo aspecto que tristes eram aquelas cismas; ressumbrava em seu olhar apagado o desalento que iam derramando-lhe nos seios d'alma.

A expressão habitual do mancebo era a sisudez afável, que nem se arruga na carranca, nem se descompõe no frouxo de riso. Nesse dia porém mostrava-se grave e preocupada sua fisionomia.

O dinheiro, esse azoto social, sem o qual não se vive nas cidades: eis a grande questão, que se debate nas ruas e praças, desde o mendigo até o rei, um esmolando os magros vinténs, o outro distribuindo os milhões nacionais.

Era essa também a preocupação de Ricardo naquele momento. As circunstâncias do mancebo de dia em dia se tornavam mais estreitas.

Morava ele com a mãe de Fábio, que o agasalhara