Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/133

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— Era preciso que fosse um herege, D. Guidinha.

— Pois então peça-lhe que não falte.

— Prometo trazê-lo.

Os salões enchiam-se de convidados; mas eram em geral parentes, íntimos e pessoas de pouca cerimônia, com quem o Soares não se constrangia. A festa aristocrática, à qual concorria todo o alto coturno fluminense, era o baile à noite.

Fábio acabava de entrar e aproximou-se para cumprimentar Guida.

— Seu amigo? perguntou-lhe a menina.

— Não veio, murmurou o mancebo.

No rosto gentil da filha do banqueiro pintou-se uma faceira expressão de desdém e enfado.

— Eu não devia apresentar-me aqui sem uma certidão de óbito em devida forma, acudiu Fábio em tom galhofeiro; mas ainda creio que me seria mais fácil trazer o sujeito a modo de convidado de pedra do que em carne e osso.

— Ele terá suas razões, disse a moça com indiferença.

— O que ele tem é uma sem-razão, tornou Fábio no mesmo tom.