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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/152

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— Dobre a língua, sô atrevido, gritou o moleque pronto a saltar-lhe às bochechas.

D. Paulina e a filha debalde chamavam o pajem, receando que a rezinga desse em briga. Guida porém julgou que o mais expedito era descerem ali mesmo, fazendo cessar a causa da altercação e obrigando o lacaio a acompanhá-las.

Reclinou para abrir a portinhola, mas Ricardo antecipara-se:

— É o Dr. Nunes, mamãe!

Apearam-se as duas senhoras e receberam os cumprimentos do moço.

— Ora estimei muito encontrá-lo, disse D. Paulina com a sua habitual singeleza. Quero fazer um presente ao Soares; mas ele não gosta que lhe deem cousas de luxo, que não tenham utilidade. Incomoda-se!

— Acho-lhe razão! disse Ricardo por delicadeza e para mostrar interesse na conversa.

— E eu não lhe acho nenhuma, acudiu Guida voltando-se; um presente é uma lembrança, e não um fornecimento de víveres, roupa ou qualquer outro necessário.