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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/155

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um aceno da ponteira de seu chapelinho de sol, as rimas de caixas e pacotes, que atopetavam os armários.

Tinha prazer em ver se desdobrarem assim aquelas ondas de seda e veludo; em contemplar as galas da moda, examinar as mais esplêndidas seduções do luxo, e sentir-se calma e indiferente.

— Não me agrada!

Esse dito desdenhoso, o repetia ela de cada vez que afeitavam-lhe diante dos olhos um corte de nobreza rutilando aos toques da luz, os nimbos da tarlatana orvalhados de pingos de cristal, ou os flocos da gaze de Chambery flutuando como nuvens d'ouro.

Debalde os caixeiros excediam-se na lábia francesa, com a qual não compete nem o puff inglês, nem o humbug americano.

Foi impossível excitar na moça a cobiça por qualquer das últimas novidades e fantasias da moda.

— Quero comprar alguma cousa, para não dar-lhes trabalho à toa.

Nesse momento aproximaram-se D. Paulina, e Ricardo que vinha despedir-se.