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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/165

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— Fiz; tinha dezesseis anos apenas; é verdade que, se não as faço ainda hoje, não é por falta de vontade, mas por acanhamento. Já tenho dezenove e contudo ainda me sinto menina.

Nesse momento ergueu-se comovido o Barão do Saí.

— Meus senhores, vou fazer um brinde.

Compreenderam todos como por uma repercussão moral que era chegado o momento da explicação; e abriu-se profundo silêncio.

Guida e Clarinha, a filha do barão, trocaram um olhar de inteligência que não passou desapercebido a Ricardo.

O barão propôs a saúde nestes termos:

— Ao meu velho amigo Soares, ao homem honrado que se fez por seu trabalho, e a quem o povo despachou comendador por aclamação, antes que Sua Majestade houvesse por bem nomeá-lo. Aqui está o decreto.

O velho com gesto solene abriu o pergaminho, onde se via uma assinatura de quatro contos de réis; as outras eram bagatela.

Ao mesmo tempo D. Clarinha, a filha do barão,