Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/176

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e no caso de não concordar eu, por estar um de nós enganado, te sujeitarias durante um ano às provas a que eu submetesse o escolhido, para conhecer-lhe o caráter e arrancar a minha ou a tua ilusão. Foi isto?

— Literalmente.

— Bem. Os dezoito anos se completaram há perto de três meses: e a escolha?... Está feita?

— Não, papai!

— E quando se faz?

— Quando aparecer aquele a quem eu devo escolher. Não posso inventar um noivo, papai! Tenho eu culpa se todos esses que me cercam nos bailes, e me perseguem com sua corte, me são indiferentes? Se nenhum desperta em mim a menor emoção, que se pareça com a afeição terna e pura da mulher por seu marido? Se os acho banais e ridículos, e me fazem rir, quando não me aborrecem?

— Eis aí, replicou Soares; tu dizes que não podes inventar um noivo, no que eu plenamente concordo; e entretanto não cuidas de outra cousa senão desse invento. Fantasiaste como toda a