Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/177

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moça um homem à tua ideia, como não se encontra neste mundo; e cotejando os outros de carne e osso com o teu exemplar, os achas a todos uns bonecos sem graça.

— Não é isto, papai; não sou romântica; bem ao contrário; se há cousa ridícula para mim, é o ideal desses heróis de romance que sabem tudo, podem tudo, e tudo adivinham. Para uma pobre moça como eu, seria um traste bem incômodo. O que desejo é um homem de caráter nobre, que me ame, e por quem eu sinta verdadeira estima e afeição, para desculpar seus defeitos e não ver suas fraquezas. Parece que não peço muito!

— Mas, Guida, até agora não pudeste encontrar este homem? Em nossa casa vem a flor do Rio de Janeiro; e se falta alguém, é porque assim o queres. Bastava uma palavra tua. Tu frequentas os melhores bailes, conheces toda a sociedade escolhida da corte.

— Ainda é cedo! disse Guida.

— Cedo!... Agora vive-se depressa, minha filha; essa palavra quase que está eliminada do vocabulário da época. Dezoito anos é a mocidade