Quando o carro de Guida parou na frente da chácara, correu ao portão o enxame de moleques e a troça das mucamas, gritando e saltando para festejar a chegada da menina.
Era sempre assim.
A entrada de Guida na casa da avó produzia o mesmo efeito que um sol de abril rompendo a bruma depois de uma manhã de chuva, ou para empregar imagem menos rústica e poética, o de uma música de batalhão passando em rua escusa e retirada.
O rancho das raparigas e moleques corria ao portão. D. Leonarda, a coxear, arrastava-se com o arrimo de uma bengala até a porta, onde acabava de aparecer. Não se pinta a expressão de júbilo que afogava o semblante da velhinha, com as alvíssaras da chegada de Guida.
Para a velha, aquela criança era todo o amor, como toda a alegria; ou antes, a criança era ela, que se deixava acalentar pelas carícias e meiguices da neta; e bebia-lhe nos lábios mimosos o doce riso que ainda iluminava-lhe as faces pálidas,