Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/188

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— Deve ser! respondeu Ricardo a rir, senão o senhor cá não chegaria.

— Eu cá trago estas cousas em ordem, tornou o amanuense; e acabou de ler a nota. — “Negócio de D. Leonarda.”

Depois dessa formalidade explicou o Benício ao mancebo que a sogra do Soares o incumbira de pedir-lhe o favor de achar-se em sua casa terça-feira ao meio-dia em ponto, para na qualidade de advogado aconselhá-la em negócio importante e até mesmo arranjar certos papéis necessários.

Assegurou Ricardo que as ordens de D. Leonarda seriam cumpridas; e ali estava exato no dia e hora que lhe fora designado. Viera o mancebo com certa emoção incompreensível, que ainda naquele momento não pudera dominar ao todo, e menos assinar-lhe a causa.

Atribuía à curiosidade. Que lhe queria a senhora? Teria ele de penetrar nos segredos de sua vida? Pretendia a velha incumbi-lo de redigir seu testamento? Ia ele tornar-se o confidente de alguma dessas dissensões intestinas que às vezes lavram no seio das famílias?