— Pois eu vou traduzir-lhe os versos ao pé da letra, se me permite: Vem, gentil noite, vem, amável e escura noite, dá-me o meu Romeu e quando ele morrer, tomai-o, cortai-o em estrelinhas, e ele tornará o céu tão belo, que todo o mundo se apaixonará pela noite, e não pagará mais tributo ao garrido sol. Não são magníficos?
Ricardo sorriu:
— São originais, pelo menos.
— Suponha o senhor que um poeta brasileiro fizesse alguma índia falar semelhante linguagem, e pedir à noite que picasse o seu amado em estrelinhas, não de massa, mas de papel dourado. Que risadas não dariam os ingleses e como não encheriam a boca de nonsense? Mas é Shakespeare... o grande mestre...
— The immense, the prodigious Shakespeare!... interrompeu Mrs. Trowshy no plenilúnio de seu entusiasmo.
— Talvez o poeta quisesse exprimir por esse modo a ingenuidade infantil de Julieta, que era quase uma criança.