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ULTIMOS SONETOS

Quando Cruz e Souza morreu eu despedia-me d'essa phase da existencia. Sua morte fez-me fechal-a com lagrimas, mas no fundo d'estas havia certa felicidade humana, porque ellas eram o producto de saudade pungente, mas de modo algum da amarga e fatal desillusão: a morte nos separou quando mais nos amavamos. Eu, que fiquei, tinha o dever de zelar pela obra deixada, de divulgal-a, para que os mais o conhecessem, a elle, pelo menos no que esses bellos despojos pudessem falar de sua alma.

Só pouco a pouco, por um modo e outro, pude desempenhar-me d'esse compromisso, tomado commigo mesmo e implicitamente com o poeta, que me fizera depositario de seus manuscriptos, como ja tive occasião de dizer na nota que appuz á edição dos Pharóes. Hoje, com a publicação dos Ultimos Sonetos, offereço ao publico o seu derradeiro livro. N'esse ponto o destino me quiz ser favoravel, poroporcionando-me o prazer de completar uma tal missão, das mais gratas que se me tem offerecido na vida.