Se as virtudes do pobre não tem preço,
Também dos vicios seus a nodoa exigua
Não conspurca as nações; mas ai dos grandes,
Que trilhão senda errada, a cujo termo
Se levanta a barreira do sepulchro,
Onde se quebra a adulaçáo sem força.
Se virtuoso, as gerações passando
As cinzas lhe beijarão; se malvado
Cospem-lhe affrontas na vaidosa campa,
Jamais de amigas lagrimas molhada.
E qual do Egypto nos festins funereos,
Maldizem bons e máos sua memória,
Lançando á face da real múmia
Dos crimes seus a lacrymosa historia.
Talvez, porém, um infortúnio grande,
Um exemplo sublime de virtude
Cobre dourada pagina, que aos olhos
Pranto consolador do peito arranca.
Eis a historia! — um espelho do passado,
Folhas do livro eterno desdobradas
Aos_olhos dos mortaes; — aqui, sem mancha,
Além golfeja sangue e súa crimes.
Tal foi, tal é: retraio desbotado,
Onde se mira a geração que passa,
Sem côr, sem vida, — e ao mesmo tempo espelho,
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Aparência
ultimos cantos.
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