Página:Uma campanha alegre v1 (1890).pdf/10

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do braço, me apressei gritar na cidade em que entrava — Morte á Tolice! E desde então, á ilharga de Ramalho Ortigão, não cessei durante dois annos de arremessar farpas, uma após outra, para todos os lados onde suppunha entrever o escuro cachaço taurino. Não me recordo se acertava; sem duvida muitos ferros se embotaram nas lages; mas cada arremesso era governado por um impulso puro da intelligencia ou do coração. E assim d’esses tempos ardentes me ficara a idea d’uma campanha muito alegre, muito elevada, em que a ironia se punha radiantemente ao serviço da justiça, cada rijo golpe fazia brotar uma soberba verdade, da demolição de tudo resaltava uma educação para todos, e o cumulto do ataque apparentemente desordenado era, como os dos gregos combatendo em Platéa, dirigido por Minerva armada— quero dizer, pela Razão.

Vinte annos são passados; — e hoje releio essas paginas amarellecidas das Farpas. Que encontro n’ellas? Um riso tumultuoso, lançado estridentemente através d’uma sociedade coino seu commentario unico e critica suprema. Encontro um riso desabalado — mas escassamente uma verdade adquirida, uma conclusão de experiencia e de saber, algum resultado visivel d’essa inspiração de Minerva que eu suppunha combatendo por traz de mim, invisivel